ANIEL OLIVEIRA
Com um portfólio de 12 filmes realizados desde 2010, o Polo Audiovisual da Zona da Mata encarou um novo desafio no último mês de agosto: concorrer em um edital público do Ministério das Comunicações, chamado Usinas Digitais, para a implantação de centros de produção e pós-produção no Brasil. Dos 81 inscritos de todo o Brasil, o Polo não só ficou entre os oito finalistas, mas terminou em primeiro lugar na seleção.
“Nosso projeto, o Midiaparque, vai ser o primeiro parque tecnológico de produção audiovisual em rede do Brasil”, celebra Cesar Piva, diretor executivo do Polo. Isso porque ele vai funcionar em dois lugares diferentes. A maior parte do processo de produção será instalada na região de Cataguases, e a pós vai funcionar no Parque Tecnológico de Belo Horizonte, o BHTec, que foi parceiro do Polo no edital.
Com um orçamento de R$ 5,7 milhões, o Midiaparque vai contar com estúdios de cinema e TV, laboratórios de animação, além de equipamentos de alto processamento de dados para renderização de filmes e pós-produção de áudio e vídeo. “Toda essa estrutura vai estar à disposição do mercado, em especial micro, pequenas e médias empresas que, segundo o Sebrae, são a maioria das cerca de 300 produtoras do Estado e terão prioridade no acesso”, explica Piva.
Ele acrescenta ainda que esse acesso não é uma “venda casada”. O usuário não precisa ter realizado sua produção no parque, por exemplo, para finalizá-la na estrutura de pós oferecida. “Ele pode virar uma madrugada, resolver sua questão e voltar para casa”, descreve.
Segundo Piva, haverá uma agenda e critérios para essa utilização – e até estudantes e escolas poderão entrar na fila. Com um contrato recém-assinado, ele espera que os recursos sejam liberados ainda em 2015, com os primeiros espaços e laboratórios já funcionando em julho e a estrutura completa disponível até o fim do ano que vem.
Segundo o diretor, a instalação de projetos como o Midiaparque é uma iniciativa importante para a expansão dos horizontes mineiros no cenário audiovisual brasileiro. Um dos aspectos mais centrais desse objetivo é o funcionamento da estrutura de pós-produção junto ao restante do parque tecnológico do BHTec – possibilitando que produtoras de conteúdo tenham contato com produtoras de tecnologia. “Esse contato é um ambiente de inovação potente para novos formatos, produção de conteúdo transmídia, jogos eletrônicos e mídias móveis, por exemplo”, descreve, lembrando que Minas já tem uma tradição na arte eletrônica desde a videoarte dos anos 1980.
Além dos realizadores audiovisuais, o Midiaparque vai poder atender ainda a produção musical do Estado. Com estúdios e laboratórios de gravação e finalização de áudio de última geração, o projeto vai disponibilizar uma boa alternativa para músicos e bandas. “Em Cataguases, o Polo já tem uma ótima relação com os artistas da região, que gravam e finalizam clipes nos espaços”, argumenta Piva.
Dos R$ 5,7 milhões do orçamento, 4 milhões vieram do edital do Ministério das Comunicações. Outros R$ 800 mil virão de uma contrapartida obrigatória do governo do Estado, e os 900 mil restantes são do recursos próprio Polo Audiovisual da Zona da Mata e do BHTec, que entraram como condições para a concessão da verba do edital.
No caso do Polo, essa estrutura já é bastante ampla. Desde 2002, quando foi criado um programa de desenvolvimento local alavancado pela cultura e pelo cinema, a região já viu uma série de projetos surgir da iniciativa, contemplando toda a cadeia produtiva: desde os Festivais de Cinema de Língua Portuguesa e Ver e Fazer o Filme, a encubadora cultural Fábrica do Futuro, o circuito de cinema itinerante Tela Viva, que leva a produção nacional a bairros e distritos locais, o Escola Animada, que qualifica professores para o uso do audiovisual na sala de aula, e o centro cultural Memorial Humberto Mauro. “Cataguases é uma cidade história cuja riqueza não está no Barroco, mas sim no modernismo de Humberto Mauro”, reflete Piva.
Portfólio local
O primeiro longa realizado no Polo Audiovisual da Zona da Mata foi “Meu Pé de Laranja Lima”, lançado em 2013. Desde então, já vieram, entre outros “Exilados do Vulcão”, “Quase Samba”, “O Menino no Espelho” e “A Família Dionti”, vencedor do prêmio do júri popular no último Festival de Brasília.
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Festival de Cinema de Gramado
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