Varzeanos ou não, vamos todos hoje à noite ao Palácio Potengi, quando acontece o lançamento do livro-álbum O Mundo Varzeano de Manoel Rodrigues de Melo, de autoria da jornalista e professora Maria da Salete Queiroz da Cunha, com fotografias de João Vital Evangelista, a partir de uma tese de mestrado que a autora defendeu no Programa de Pós-Graduação em Educação, da UFRN, em 2001. A edição, num belo projeto gráfico da Criola Propaganda, foi organizada pelo escritor Geraldo Queiroz para a Fundação Félix Rodrigues, da cidade de Pendências, que mantém o Espaço Cultural Manoel Rodrigues de Melo. A edição tem o patrocínio da Petrobras através da Lei Câmara Cascudo.
Se vivo fosse, Manoel Rodrigues de Melo estaria completando 106 anos, sábado. Nasceu em Macau, onde desemboca a várzea do Assu, seu mundo, vasto mundo. Está no patamar dos grandes vultos de nossa cultura: jornalista, escritor, ensaísta (com destaque nas áreas da Sociologia, Etnografia e Antropologia), professor. Estreou na literatura em 1940 com o livro Várzea do Açu (Paisagens, tipos e costumes do vale do Açu), editado pela Pongetti, Rio de Janeiro, com prefácio de Luís da Câmara Cascudo. Fundador de jornais e revistas, presidiu a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras por muitos anos. Foi o construtor da sua sede.
Leio na orelha de “O Mundo Varzeano”:
“Com o olhar sociológico e ânimo poético, Manoel Rodrigues de Melo (1907-1996) observou a sua região: o Vale do Açu. Aí nasceu num dia pleno de sete: 7/7/1907, em terras que pertenciam a Macau, na Fazenda Queimada, ilha de São Francisco, que hoje integram o município de Pendências. Daí soube captar paisagens, tipos e costumes que o inspiraram e registrou em grande parte dos seus livros que escreveu e publicou a partir de 1940.”
Manoel Rodrigues de Melo publicou ainda Patriarcas e carreiros (ensaio), 1944, Cavalo de páu (ensaio), 1953, Chico Caboclo e outros poemas (poesia), 1957, Terras de Camundá (romance), 1972, Dicionário da Imprensa do Rio Grande do Norte (1909-1987), e Memória do livro potiguar, 1994. Na minha passagem pela Fundação José Augusto, tive o privilégio de publicar dois livros de Manoel Rodrigues de Melo: O Dicionário da Imprensa do Rio Grande do Norte, em parceria com a Cortez Editora, de São Paulo, e prefácio de Raimundo Nonato da Silva. O segundo livro foi uma edição fac-similar de Cavalo de Páu. A edição original é de 1953, pela Pongetti, do Rio de Janeiro.
Vou folheando, encantado, as páginas do livro-álbum: as fotografias de João Vital, o texto de Maria da Salete, as legendas reproduzindo textos tirados dos livros de Manoel: “[...] Em qualquer parte, onde quer que o destino ou os negócios da vida cotidiana nos levem, nas chãs-das-serras, nos carrascais enfezados e desnudos, nos tabuleiros pedregosos e cheios de cactos, os vales úmidos [...], nos carnaubais extensos, nas estradas de rodagem, nos caminhos de ferro, nas trilhas de camboios, nos ranchos e pousos – em toda parte, encontramos sempre um desses tipos populares que, sem ter estudado música, sabe, entretanto, tirar dos instrumentos as notas mais sensíveis e delicadas à nossa audição. [...] Todos brilharam no cenário apagado e estreito da região, tocando bailes, animando as vaquejadas, sonorizando o trabalho dos eitos, prestigiando os cocos, levando a toda parte os ritmos harmônicos e a melodia dos cantos agrestes” (‘Várzea do Açu’).
O lançamento de “O Mundo Varzeano de Manoel Rodrigues de Melo” começa às 18 horas. Das sacadas do Palácio ainda dá para se ver o belo pôr do sol sobre o Potengi amado.
Graciliano
A Editora Record lançou, ontem, na Festa Literária Internacional de Paraty, uma edição comemorativa dos 80 anos do romance Caetés, livro de estreia de Graciliano Ramos na literatura. Esta edição foi organizada pela professora Elizabeth Ramos, neta do escritor, e pelo professor Erwin Torralbo, da USP e pesquisador responsável do Arquivo Graciliano Ramos, do Instituto de Literatura Brasileira, também da USP, inclui a capa da primeira, de Santa Rosa, e ilustrações de Poty, além de textos de Aurélio Buarque de Holanda, Waldemar Cavalcanti, José Lins do Rego, Jorge Amado, Edison Carneiro, Wilson Martins, Luís Bueno e José Paulo Paes.
O grande escritor alagoano é o homenageado deste ano da Flip. A palestra de abertura, na quarta-feira, foi do escritor Milton Hatoum sobre o tema: “Graciliano Ramos: aspereza do mundo e concisão da linguagem”. Hoje haverá um debate sobre o tema “Graciliano Ramos: ficha política”, reunindo na mesa o pesquisador norte-americano Randal Johnson (professor da Universidade da Califórnia), o professor Sérgio Miceli, da USP, e o escritor Dênis de Moraes, biógrafo de Graciliano, autor do livro O velho Graça, que ganhou uma nova edição, ano passado, pela Boitempo Editorial.
Este livro de Dênis de Morais é uma leitura imprescindível. A esta nova edição foi acrescida uma entrevista que Graciliano deu para o jornalista Newton Rodrigues (que aparece com o pseudônimo de Ernesto Luiz Maia), publicada em 1944, pela revista Renovação, do Rio de Janeiro. Dênis de Moraes também é autor da excelente biografia de Henfil: O rebelde do traço: a vida de Henfil, publicada pela José Olympio em 1996.
Viva a chuva
As chuvas continuam caindo pelo Estado todo. Pelo boletim da Emparn, em 80 municípios. Pelas informações avulsas, passam de 100. Não é comum num mês de julho. De quarta para o amanhecer de ontem choveu também no Seridó: Serra Negra do Norte, 19 milímetros, Cruzeta do maestro Bembém, 17, Caicó (Novo Mundo), 12, São Fernando, 11, Jardim de Piranhas, São José do Seridó e Timbaúba dos Batistas, 10. No Oeste, as melhores chuvas foram em Carnaubais, 31, Frutuoso Gomes, 16, Serrinha dos Pintos, 21, Portalegre, 20, Alto do Rodrigues, 19, Lucrécia e Umarizal, 18, Viçosa, 16, Riacho da Cruz, 15.
No Agreste: Monte Alegre, 23, Serrinha 21, Sítio Novo, 20, Barcelona, 18, Passa e Fica, Rui Barbosa e Vera Cruz, 17, Campo Redondo, Santo Antônio, Lagoa de Pedras e Nova Cruz, 14, São Bento e Boa Saúde, 11. Na região Leste: Nísia Floresta, 103, Baía Formosa, 32, Canguaretama e Parnamirim, 31, Maxaranguape, 25, Montanhas e Senador Georgino, 21, Touros, 18, São Gonçalo do Amarante, 13. A chuva de Natal foi de 9 milímetros.
Ailson
Lá se foi Ailson Bonifácio, deixando saudades por todas as ondas do rádio e da amizade. Grande companheiro dessas rádios cabugis da vida.
fonte: http://tribunadonorte.com.br/
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